quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

- LÊNIN, MARX e o marxismo revolucionário (orig:14Mai05)



Marx comunista, tem validade integral na América Latina de hoje?


Ivan J., 14Mai05

Sumário

Parte 1 - Os marxismos versus o marxismo revolucionário
Parte 2 - O marxismo revolucionário e a América Latina

***
Parte 1 - Os marxismos versus o marxismo revolucionário

ROMAXXI[1] amplia e aprofunda uma discussão que na verdade é bem antiga a respeito de Marx não considerar-se "marxista". Até um Hobson, um Kautsky consideravam-se marxistas, assim como mais tarde Stalin e tantos outros, a título de exemplo.

Marx não considerar-se "marxista" não é uma questão propriamente de princípio. Envolve uma questão de princípio, é claro. Aliás, métodos e expedientes para desnaturar os princípios revolucionários é o que realmente está em jogo. Assim, a questão envolvida na afirmação de Marx de que não era "marxista" tem um conteúdo preciso e não meramente formal, ético ou estético.

Portanto, é importante tornar precisos os nomes e seus contextos.
Contra o que Marx lutava quando dizia não ser "marxista"?

A partir de um determinado momento da evolução e repercussão decisiva da obra de Marx e Engels no meio operário europeu e nos movimentos sociais da sua época, seus contendores resolveram "assumi-la" reivindicando-se "marxistas". Óbvio que seu intuito era desfigurá-la. O que mais tarde veio ser chamado de revisionismo tinha várias origens, estilos e lugares, vinha do voluntarismo, do anti-parlamentarismo, do reformismo e institucionalismo, etc.

Mas vinha principalmente do socialismo reformista que começava a desenvolver-se e sistematizar-se na Alemanha. Apesar do feroz combate de Marx e Engels na denúncia do caráter anti-revolucionário daqueles que se reivindicavam "marxistas", esse expediente cresceu e invadiu o século XX. Pior, no século XX, após o êxito da Revolução Russa, o mesmo expediente usado para usurpar a teoria revolucionária de Marx, banalizando-a e relativizando-a sob o manto dos vocábulos "marxista" ou "marxismo", foi também usado para o "comunismo" e "comunista".
Não sei se foi o primeiro a denunciar e a combater esse expediente no século XX, mas Maximilien Rubel, emérito marxólogo, foi quem destacou e muito bem esse expediente em franco uso nas esquerdas. Nos anos 1970 Roger Dangeville editou a clássica coletânea "La Social-Démocratie Allemande" com textos de Marx e Engels, mostrando exatamente aquele combate dos dois autores contra o reformismo nascente na Alemanha da segunda metade do Século XIX. Lênin defendia o marxismo e criticava, por exemplo, os "marxistas legais". O marxismo para Lênin tinha que ser o marxismo revolucionário de Marx, mesmo porque para ele não havia outro marxismo de Marx.

Os aspectos relativos a questão do quando, como e porque ser marxista, comunista, socialista, etc, são muito intrincados e merecem aprofundamento como veremos abaixo.

A frase atribuída a Marx de que "não sou marxista" tem sido citada para os mais diversos fins, fora de contextualização, sem qualquer cuidado, e quase sempre visando os fins mistificadores que a própria declaração combatia.

ROMAXXI indica uma carta de Engels a Bloch como a referência à frase atribuída a Marx. Dado que essa era uma referência que eu não conhecia procurei coletá-la junto às outras que disponho. No entanto, a correspondência de Engels a Bloch que disponho é uma carta de 21 de Setembro de 1990 em que Engels diz:

"Desgraciadamente, ocurre con harta frecuencia que se cree haber entendido totalmente y que se puede manejar sin más una nueva teoría por el mero hecho de haberse asimilado, y no siempre exactamente, sus tesis fundamentales. De este reproche no se hallan exentos muchos de los nuevos «marxistas» y así se explican muchas de las cosas peregrinas que han aportado...."[2]

Infelizmente não disponho da versão completa da carta, apenas o excerto.
Nesta carta não fica ainda clara a frase ou posição de Marx quanto a não ser "marxista".
Quando vemos o conjunto das referências à referida frase ou posição de Marx frente aos "marxistas" de sua época, a questão desdobra-se para além da questão filosófica, ou da dialética, indo para a questão política.

Para Rubel:
"Engels esclarece que esta declaração foi feita por Marx a propósito do "marxismo" que reinava pelos 1879-1880 "entre certos franceses", mas que a censura se aplicava igualmente a um grupo de intelectuais e estudantes no seio do partido alemão; eles e toda a imprensa divulgavam um "marxismo" convulsivamente desfigurado [3]. A piada - se bem que carregada de pressentimento - de Marx, foi lembrada por Engels cada vez que a ocasião se apresentava[4].O revolucionário russo G.A. Lopatine, que encontrou Engels em setembro de 1883, conversou com ele sobre as perspectivas revolucionárias na Rússia. A narrativa que ele dirigiu a um membro da Norodnaîa Voliia continha a seguinte passagem: "Eu te disse um dia - você se lembra - que o próprio Marx jamais foi marxista. Engels contou que quando da luta de Brousse, Malon e Cia contra os outros, Marx rindo havia dito um dia: "Eu não posso dizer senão uma coisa, é que eu não sou marxista!"... [5]. Mas não é de todo seguro o tom de brincadeira em que Marx, quando de sua viagem à França, comunicou a seu amigo sua impressão sobre as querelas socialistas nos congressos simultâneos de Saint Etienne (possibilistas) e de Roanne (gesdistas), no outono de 1882. Os "marxistas" e os "anti-marxistas", escrevia ele, estas duas espécies, têm feito o possível para estragar minha estadia na França (a Engels, 08 de setembro de 1882). Sobre seu desacordo com os "marxistas" russos, cf. Marx a Vera Zassoulîtch, 1881, a propósito do devir da comuna camponesa na Rússia (Économie, II, p. 1561). Sobre as relações de Marx e Engels com seus discípulos russos, cf. Marx-Engels, Die russische Kommune, Kritik eines Mythes. Herausgegeben von M. Rubel, Munchen, Hanser 1972."[6]

A seguir algumas passagens sobre a mesma questão:
1) No entanto, como eu disse, tudo isso é de segunda mão e o pequeno Moritz é um amigo perigoso. muitos deles hoje em dia têm a concepção materialista da história, para eles isso serve como uma desculpa para não estudar história. Exatamente como Marx costumava dizer, comentando a respeito dos "marxistas" franceses no final dos anos 1870: "Tudo que sei é que eu não sou um marxista" (Engels a C. Schmidt, In Berlin, London, August 5, 1890[7]).

2) "Agora, o que é conhecido como "marxismo" na França é, de fato, um produto totalmente peculiar - mais ainda diante do que Marx uma vez disse a Lafargue: "Se existe uma certeza quanto a mim é que eu não sou marxista"" (Engels To Eduard Bernstein In Zurich, London, 2-3 November 1882)[8]

3) "A Federação Social Democrática aqui partilha com a sua Socialistas Germano-Americanos a distinção de serem apenas frações que têm tramado para reduzir a teoria marxista do desenvolvimento a uma rígida ortodoxia. Por sua vez, essa teoria tem sido forçada goela abaixo dos trabalhadores sem desenvolvimento, como artigos de fé, em vez de possibilitar aos próprios trabalhadores ascenderem a esse nível em razão de seu próprio instinto de classe. É por isso que ambas permanecem como meras sectas, e como Hegel dizia, vindo do nada para o nada." (Engels to Sorge, London, May 12, 1894)[9]

Por outro lado, o que eram e como se estabeleciam politicamente Marx e Engels:

"Em todos esses escritos, eu não me qualifico jamais como social-democrata, mas como comunista... Para Marx como para mim é absolutamente impossível empregar uma expressão tão elástica para designar nossa concepção própria. Hoje [em 1894, em que a burguesia alemã está n poder, todas as tarefas progressistas, democráticas estando realizadas], ela pode a rigor passar, se bem que ela seja imprópria para um partido que não é simplesmente socialista em geral, mas cujo objetivo em política é a superação total do estado, portanto também da democracia. Mas os nomes dos partidos políticos nunca coincidem verdadeiramente, o partido se desenvolve, o nome fica." (Préface de 1894 à la brochure « Internationales aus dem Volksstaat, in Marx-Engels, La Social-Démocratie Allemande).[10]

Vemos que Engels e Marx reivindicam-se comunistas, declaram-se comunistas.

A questão do momento político e da práxis comunista concreta é uma questão complicadíssima.
Lênin durante muito tempo declarou-se social-democrata na Rússia.Sabemos que era comunista.

Vejamos o que diz Dangeville:

"Na Rússia, onde a burguesia não havia sequer feito sua revolução, o partido de Lênin era igualmente social-democrata, tanto que as tarefas democráticas burguesas aí eram progressistas. Fiel ao método de Marx-Engels, ele propôs adotar o nome de comunista em abril de 1917, após a primeira fase da revolução dupla: cf. Les Tâches du prolétariat dans notre révolution, in : «(Ouvres» 24, le chapitre: Qual deve ser o nome de nosso partido para ser cientificamente exato e promover politicamente uma clara consciência de classe para o proletariado?)" (Dangeville in Marx-Engels, La Social-Démocratie Allemande)[11].

Por outro lado, sabemos também que Lênin era um defensor do "marxismo".
Mas o que é defender o marxismo, na acepção de Lênin? Para ele parece ser a defesa das teses gerais da teoria de Marx e Engels na luta da classe operária contra o capital. Este também era o princípio que norteava as lutas de Marx e Engels. Este parece ser o ponto fundamental ainda hoje. E o que são essas teses gerais? Creio que elas podem ser resumidas no Manifesto e naquilo que o próprio Marx achava ser sua contribuição e que já coloquei em mensagem anterior[12]

Por isso, a meu ver, "ser ou não ser" não é propriamente a questão, está longe de sê-la. A questão real e verdadeira a meu ver não reside sequer numa fórmula ou numa ética do que é ou não é uma militância marxista em termos gerais e, portanto, abstratos. Aliás, esse tipo de abstração só leva ao que Engels chamou acima de "socialismo em geral". A questão concreta reside no que cada um acha que ainda permanece válido ou está superado da teoria e das teses clássicas de Marx no que toca às sociais e em particular às lutas da classe operária hoje para o Brasil, a América Latina e para o mercado mundial.

Para mim, como tese geral de trabalho, Marx é totalmente atual e válido para as lutas do proletariado na América Latina.

Parte 2 - O marxismo revolucionário e a América Latina

Mas, para além de uma tese geral de trabalho, isto só pode ser enfrentado indo aos pontos concretos.

Existe no material que listei acima uma passagem em que Engels já fala num Marxismo sem aspas.

A questão obviamente foi retomada por Rubel e Dangeville no Século XX dado que "marxismo" tornou-se uma alcunha que todos os demônios de 'esquerda' passaram também a reivindicar. Portanto a velha questão do "não sou marxista" com a qual Marx se debateu, voltou à tona nos nossos tempos.[13]

Um dos aspectos mais interessantes e historicamente produtivos foi o fim do chamado "socialismo real" nos anos 80 e 90 do Século XX, pois "marxismo" e "marxista" virou quase um palavrão nos mesmos salões que outrora reivindicavam-se audiências “marxistas”. Todo mundo virou "ex-", inclusive "ex-leninista". Não todo mundo exatamente.Acredito que o esforço atual seja o de levantar esses biombos de lugares comuns por trás dos quais se escondem práxis muito distintas e até diametralmente opostas. Um exemplo disso são as "lutas contra o neoliberalismo", "contra as políticas neoliberais", contra a "financeirização"... e, last but not least, a "luta anti-imperialista"!Lênin é de todos os revolucionários do Século XX o que melhor defendeu e aplicou as TODAS teses clássicas do marxismo revolucionário de Marx. Por isso Lênin era um ortodoxo no sentido revolucionário do termo. O problema é que inclusive esse termo, "ortodoxia" que em parte Lukacs definiu muito bem no primeiro capítulo de "História e Consciência de Classe", depois virou palavrão, pois foi apropriado ou atribuído ou identificado com as práticas stalinianas.É possível ver como as palavras são voláteis em seus significados. No entanto, o proletariado revolucionário latino-americano precisará logo de palavras. Inventamos outras ou resgatamos as já consagradas pelas lutas proletárias revolucionárias anteriores?Hoje a grande maioria das correntes de extrema esquerda consideram-se leninistas. Eu vejo problemas incríveis em algumas posições que emanam desse "leninismo", as quais estão a milhões de anos-luz da palavra e do espírito das teses originais de Lênin.Há pouco tempo empreendi uma releitura dos primeiros 33 volumes das completas de Lênin - ainda não acabei tudo. Uma maravilha! Suas teses são de uma coerência e de uma validade para a luta de classes na América Latina de hoje que me surpreenderam mais uma vez. Lênin sempre me surpreende, e muito favoravelmente, mais o estudo mais me identifico.Seu rigor científico e político na defesa das teses clássicas do marxismo revolucionário são realmente um exemplo, uma referência. Sua capacidade de ser concreto, materialista, diante da realidade de sua época é fonte de inspiração.Detectei algumas passagens de Lênin em que ele parece ser muito tributário das formulações de Kautsky. Ele as usa literalmente e não sei se Kautsky foi em algum período da sua vida um exemplo tão perfeito de militante e teórico do proletariado revolucionário. Não conheço a obra de Kautsky a não ser "A questão agrária" e "A Revolução Social: o caminho do poder". Preciso estudar e refletir muito sobre essas passagens, pois são nelas que os desnaturadores posteriores de Lênin lançam suas âncoras.Mas o que vejo mesmo são alguns problemas gravíssimos não exatamente em Lênin, mas no uso que a grande maioria das correntes que se reivindicam um leninismo fazem de seus conceitos, obviamente completamente deturpados.
Um deles é o conceito de IMPERIALISMO que redunda hoje na expressão "luta anti-imperialista" da qual até governantes latino-americanos lançam mão. Impressionante como por trás desse "anti-imperialismo" se esconde, até sem se esforçar tanto, um nacionalismo dos mais baratos. Esse anti-imperialismo nacionalista não é nada mais nada menos do que o "social-chauvinismo", fenômeno que o próprio Lênin identificou nas esquerdas de seu tempo e inclusive de seu país. Eu diria que hoje o "anti-imperialismo" da massacrante maioria das esquerdas latino-americanas é exatamente aquele que Lênin em seu tempo chamou de "social-chauvinismo".

Outra expressão de Lênin que tem dado pano prá manga, pois caiu em cheio nos gostos da intelectualidade "orgânica", foi a tese de que "a consciência vem de fora". Impressionante também! Novamente o mesmo expediente foi utilizado, fazendo surgir a "QUESTÃO", falsa aliás, do papel e da legitimidade do intelectual na revolução. No Manifesto está claríssimo! Por outro lado, a questão dos "teóricos", dos "casaca pretas" fez época na época de Marx. Marx combateu resolutamente um "obreirismo", ou o ativismo dos "práticos", daqueles ligados à "ação", por trás dos quais se escondia um voluntarismo imediatista e um economismo escancarado, ou mesmo uma irresponsabilidade na luta. Marx, um "casaca preta", um teórico da classe combateu o obreirismo, o ativismo, os "anti-teóricos" em sua época. No entanto, a questão da intelectualidade "orgânica" tal qual colocada no século XX a partir do aforisma de Lênin é toda uma outra coisa, vem no seio de um "anti-expontaneísmo" das massas (coitada da Rosa), e claro: joga toda a "intelligentsia" da revolução e consequentemente toda a "autoridade" no colo do elitismo das classes médias intelectualizadas de esquerda. O aforisma de Lênin é aí isolado de seu contexto, do conjunto de sua obra e autonomizado como mais um exemplo desse tipo de expediente. Outro ponto de Lênin é o da sua crítica ao "esquerdismo". Novamente suas formulações são isoladas do conjunto da obra e da sua práxis radical e revolucionária buscando legitimar teoricamente as formas de oportunismo que ele mais condena. Em suma, e haveria mais um monte de exemplos, Lênin fica parecendo um nacionalista, intelectualista e muito muito "pragmático" e "ponderado", um institucionalista partidário de qualquer parlamentarismo e etc..., ou um "guerreiro popular". Lênin, no entanto, era um patrimônio do proletariado revolucionário e assim se reivindicava: um comunista enfim! Não é efetivamente esse o Lênin popular que eu vejo nos seus escritos. Mas é esse Lênin do povo, reformista e nacionalista, portanto longe do Lênin histórico, que vejo figurando em muitas das organizações que se reivindicam leninistas na atualidade e que inclusive compõem os quadros superiores de vários governos "neoliberais". Muitos altos funcionários que estão no poder em vários países da America Latina apenas muito recentemente abandonaram o "leninismo", ou o "marxismo-leninismo".

O mesmo vale para os melhores trabalhos e momentos de um Trotsky e de uma Rosa Luxemburgo.

Hoje, me parece, há uma necessidade fundamental de REUNIR, UNIFICAR, o patrimônio teórico e histórico das sangrentas lutas revolucionárias passadas do proletariado. Os momentos e personalidades cruciais da luta, da experiência e da teoria do proletariado revolucionário, sem preconceitos idiossincráticos e desastrosos. Essa fusão é que permitirá que o proletariado revolucionário de nosso tempo tenha a sua disposição a arma mais poderosa na sua luta contra o capital: a teoria revolucionária e a experiência revolucionária de todo o proletariado mundial. O proletariado dos dias de hoje finalmente se reivindicará legítimo herdeiro das revoluções de 1848, 1871 e das do início do Século XX. Claro que incluo o proletariado latino-americano nesse conjunto.

Existe uma corrente importantíssima nas esquerdas da área, talvez tendo como base o argentino DUSSEL, acusam Marx de "EUROCENTRISTA". Vêem validade científica no Marx econômico, mas não no Marx político ou sociólogo onde não haveria ciência e método, mas sim "intuição". É risível! O objetivo é claro: negar a teoria do Estado de Marx, negar-lhe a teoria da luta de classes. O que restaria então? Restaria um simulacro de teoria que tenta explicar a EXPLORAÇÃO DO POVO, restaria um simulacro de teoria do imperialismo que tenta explicar o caráter "progressista" e "revolucionário" da luta do POVO pelo controle do ESTADO e pelo DESENVOLVIMENTO NACIONAL e/ou REGIONAL. Esse, diria eu, parece constituir um paradigma fortemente arraigado nos pensamentos e ações de esquerda na América Latina hoje - até de algumas correntes da extrema-esquerda. Várias, muitas, correntes "leninistas" estão nessa. Logicamente estão muito longe de Lênin, tanto na teoria como no espírito da luta e no compromisso de classe.

Como tese geral de trabalho estou cada vez mais pronto a assumir que Lênin tem validade total para as lutas sociais e em especial para as lutas proletárias na América Latina hoje. Mas, ainda estou em estudos. Para mim, se no que toca Marx e Engels essa tese geral de trabalho é já uma convicção firme e nela me apoio integralmente, como disse antes, no que toca a Lênin, quase quase! Muitos tópicos de Lênin são hoje foco da minha atenção: Questão Agrária, Questão Nacional, Imperialismo, Capitalismo de Estado, "socialismo", Proletariado, Ditadura do Proletariado, Partido, Parlamentarismo Revolucionário etc..., a idéia e estudá-los para compreender e atuar na América Latina, mas também para defender o seu conteúdo revolucionário contra as desnaturações.

Em suma, é hora não de inventar conceitos, mas de restaurar a perfeita integralidade revolucionária de todos eles. Porém, a matriz a partir da qual eu me debruço sobre a obra de Lênin é a obra de Marx e Engels. Nesse sentido, diferentemente da estratégia teórica de muitos marxistas contemporâneos, eu inverto e não procuro atualizar e/ou complementar e/ou rever Marx e Engels a partir de Lênin, mas integro Lênin a partir do conjunto da obra de Marx e Engels. Entre os economistas existe uma máxima: em caso de perder-se, volte imediatamente aos clássicos! No meu caso não se trata de uma "volta" aos clássicos. É de lá que eu parto e para mim os clássicos da teoria do proletariado revolucionário são Marx e Engels.
Esta é minha condição atual em relação a Lênin, como integro sua obra e sua experiência no meu trabalho hoje. Está longe de ser suficiente, mas é como caminho.

Notas


[1] in http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/26504.
[2] in http://www.marxists.org/espanol/m-e/cartas/e21-9-90.htm.
[3] cf. carta de Engels à redação do Sozialdemokrat, 7 de setembro de 1890, publicada nesse jornal em 18 de setembro de 1890.
[4] Ver suas cartas a Berstein de 3 de novembro de 1882; a Conrad Schmidt de 15 de agosto de 1890; a Paul Lafargue de 27 de agosto de 1890.
[5] Cf. o extrato de uma carta de Lopatine a M.N. Ochanina de 20 de setembro de 1888, na Marx-Engels, Werke, XXI, 1962, p. 489 (tradução do russo).
[6] in http://www.plusloin.org/rubel/engelsfondateur.pdf.
[7] in http://www.marxists.org/archive/marx/works/1890/letters/90_08_05.htm.
[8] in http://www.marxists.org/archive/marx/works/1882/letters/82_11_02.htm.
[9] in http://www.marxists.org/archive/marx/works/1894/letters/94_05_12.htm.
[10] in http://www.marxists.org/francais/marx/works/00/sda/sda_intro.htm.
[11] in http://www.marxists.org/francais/marx/works/00/sda/sda_intro.htm.
[12] cf. http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/26488.
[13] Ivan J., in http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/26529; ao comentário à minha mensagem anterior in http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/26523 da parte de CAB, in http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/26526.

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