quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

- O NOVO e o MESMO na Luta de Classes no Brasil


A CRISE CÍCLICA GLOBAL trará a inflexão proletária?

Ivan J., 27Set05

Sumário

Anotação de 01 de Janeiro de 2008
Apresentação
Socialismo pequeno burguês e o movimento nas formas
Dialética das determinações econômicas
Cenários e dialética da reemergência da classe
O reformismo buscando horizontes: geopolítica do capital
O realmente novo na América Latina

***

Anotação de 01 de Janeiro de 2008

Hoje, 01 de Janeiro de 2008, é possível fazer um balanço desses cenários apresentados em 27 de Setembro de 2005. Democracia Proletária chama atenção para a nota “2” mais adiante.


Apresentação


Ontem as 'esquerdas democrático-institucionais' começaram um grande movimento de realocação partidária. A atmosfera de 'frescor' está no ar, talvez acompanhando a chegada da primavera. Já conversamos exaustivamente sobre isso nas Jornadas de Julho do “13”. Agora temos o "Novo" que se quer novo, mas não é.
O Novo realmente ainda está por vir, virá!
Socialismo pequeno burguês e o movimento nas formas

O que é realmente NOVO na política brasileira?[1]
No momento a NOVIDADE ainda reside no terreno das potencialidades.
Tudo o que está acontecendo no terreno da política institucional já é história conhecida, uma reiteração do mesmo vivido nos últimos 25 anos. O NOVO está por vir, e virá, ...talvez em breve!

O mesmo dentro das formas


Esta semana iniciou-se com uma frenética realocação das forças da esquerda institucional. Uma realocação tardia, mas que traz uma aura fresh, revigorante, esperançosa. Será que esta movimentação é a emergência do NOVO na política brasileira?
Por outro lado, Katrina, Rita, Petróleo... nada disso realmente importa!

Enquanto no Brasil ficamos olhando a crise da política institucional, na total ausência AINDA da política verdadeira, da política de classe, enquanto no Mundo só se fala em Iraque, Tsunâmis, Katrinas, Ritas, o essencial que irá trazer as condições para a emergência do NOVO vai passando ao largo das atenções, mas vai amadurecendo e desabará como uma tempestade que não tem mais para onde ir: o retorno da CRISE CÍCLICA!

Dialética das determinações econômicas

Os analistas revolucionários nas duas primeiras décadas do Século XX acompanhavam no pormenor o curso da economia, seus movimentos cíclicos e suas recuperações e mergulhos. Todo o arcabouço teórico destes analistas era rente às formulações de Marx. Lênin tinha um acompanhamento sistemático, pois ciclo e correlação de forças andam juntos numa dialética bem estreita.

Portanto, para quem conhece o ABC do marxismo revolucionário, a questão verdadeira só pode estar bem além das diatribes da conjuntura das formas! Não está na superfície dos eventos.
Aqueles que navegam na superfície e observam só a superfície, se assustam quando vêem uma marolinha, ou não...; é o reino da loucura, é o reino das formas pelas formas, é o reino dos analistas e também, por incrível que pareça, o dos que dão de ombros para a realidade econômica e para os movimentos da economia, por negligência, despreparo ou erro de avaliação.
No entanto, às vezes uma marolinha é a precursora de um big Tsunâmi! Como saber?

Os presidentes dos Bancos centrais europeus e asiáticos, além do próprio FED, já anunciaram que o final deste ano será extremamente problemático, os desequilíbrios nos fluxos globais são imensos e crescentes! Europa e Japão já anunciaram que já estão parando. USA idem. Óbvio que olham para o petróleo e para os derivativos. China desacelera e se desequilibra enormemente. Os movimentos recentes nos preços do ouro escondem tendências que não têm nada de especulativas. Diz um experiente analista destes mercados 'dourados': "há uma crise ainda escondida aí"! Os analistas internacionais estão já suando frio, pois não há perspectiva de reequilíbrio, na verdade as notícias apontam para o inverso.

Tudo isso evidentemente ainda não é a crise, é apenas a vertigem, o pavor diante de uma febre que não cede e que agora começa a aumentar num ritmo desconhecido, portanto assustador.

Para o marxismo revolucionário Mister Velha Toupeira silenciosamente e nas profundezas está solapando as bases, os fundamentos da valorização do capital mundial. Recentemente a composição orgânica cresceu a um ritmo explosivo, particularmente nos últimos 15 anos. Depois dessa recuperação que está no fim, agora terá que sobrevir a crise cíclica que, ao que tudo indica, será muito mais grave do que a anterior em 2001.

Cenários e dialética da reemergência da classe

O impacto na economia brasileira será enorme ao que tudo indica. Vamos ver, no entanto, se o social também estremece e libera finalmente energias sócio-políticas mais auto-construtivas no vasto proletariado urbano brasileiro.

Importante frisar, mais uma vez, pela enésima: não se trata da previsão da REVOLUÇÃO! Trata-se de uma inflexão na condição da classe proletária em que de classe em si, para o capital, inicia um "salto quântico" para começar a emergir como classe para si. Esta inflexão viabiliza a militância revolucionária junto à classe proletária.

Na ESKUERRA e em outros espaços temos trazido alguns insights a respeito de como o proletariado brasileiro irá emergir[2]. Tudo indica que será inicialmente a partir das franjas urbanas mais exteriores, das periferias, do Exército Industrial de Reserva. Os desafios para a militância revolucionária serão enormes, porém o ambiente será mais e mais favorável. A organização espacial e comunitária do proletariado será o fenômeno mais importante nesta dinâmica. Estruturação de toda a classe em organismos locais e regionais é espontânea e inevitável.

O proletariado do setor de serviços, comércio e transportes urbanos serão especialmente atingidos deflagrando movimentos que se espalharão rapidamente, mas que encontrarão suas trincheiras nas periferias das grandes cidades.

Se esse insight é correto, então depois, sem que se possa saber em qual intervalo, será o Exército Industrial de Empregados da Indústria quem virá para o movimento - e este é o momento crucial e que alavanca definitivamente o proletariado como classe revolucionária. Esta vinda será marcada inicialmente por ocupações de fábricas e posteriormente por uma intensa luta para reconquista dos sindicatos.

Este cenário preocupa-se fundamentalmente com o fator decisivo das lutas sociais que está ausente deste momento: o proletariado urbano e o operariado industrial em particular. Este é um processo que certamente levará anos para realizar-se. O problema agora é a percepção dos fatores que possibilitarão o seu início, a inflexão da realidade corrente para uma outra realidade, com outra dinâmica.

O reformismo buscando horizontes: geopolítica do capital

Nossa expectativa de um retorno da crise cíclica, mais grave, para final de 2005 e decorrer de 2006, pode ser a última sincronia dos cronômetros. Nesse sentido o que está em jogo é vital. Talvez tenhamos a partir dessa crise condições mais objetivas de visualizar os cenários que nos levarão direto à disjuntiva final para a Humanidade: Guerra ou Revolução!

A geopolítica da classe trabalhadora na América Latina evidenciou-se de modo claro nas últimas emergências na Argentina e Bolívia. Ficaram claras as dinâmicas e as forças com alcance geopolítico que irão se digladiar no campo das esquerdas. O reformismo na América Latina tem endereço certo. Os núcleos e forças revolucionárias do proletariado também. No Brasil, a crise política institucional está provocando um deslocamento no reformismo que terá que preparar sua reciclagem. O próprio reformismo irá se surpreender com sua recuperação: não serão necessários mais 20 anos para fazer seu retorno. O reformismo irá tentar reapresentar-se como o 'novo' na política nacional. Sabemos que não se trata do novo, pois Lula e o PT já expuseram todo o ciclo histórico do reformismo numa economia como a nossa. Agora é repetir, repisar, trilhar os mesmos destinos.

O realmente novo na América Latina

O realmente novo que a política nos reserva está na emergência do socialismo revolucionário como fenômeno social e político expressando o proletariado revolucionário. No momento o socialismo revolucionário ainda tem a mesma característica órfã de classe que caracterizou o período do pós-guerra, com raríssimos e localizados momentos de emergência da classe. É esta novidade a que se apresenta como possibilidade e alta probabilidade para um futuro próximo, a depender de como se dará o retorno da crise cíclica.

Quando olhamos o todo global, a América Latina, um continente essencialmente proletário, aparece como crucial para a abertura de uma vaga revolucionária mundial. Na América Latina o Brasil é crucial; no Brasil a Grande São Paulo é crucial; uma GSP que talvez, para efeitos das lutas sociais seja bem maior que a oficial, envolvendo a grande Campinas, a Região de Sorocaba, Baixada, Vale do Paraíba. É uma massa proletária gigantesca. Esta crise caso venha bem forte irá evidenciar as forças-chave das agudas lutas de classes que vão se precipitar em nossa sociedade muito em breve.

Uma nova história política radicalmente diferente da atual está para começar. Talvez o seu timing demarre bem agora se a crise cíclica realmente se abater como está se anunciado.
Expectativas, expectativas...

Notas

[1] originalmente in http://br.groups.yahoo.com/group/eskuerra/message/29884

[2] Nota de 01Jan08 – durante 2006 os cenários para a reemergência da classe proletária brasileira foram mais precisados. O final de 2005 e os três primeiros trimestre de 2006 ainda trouxeram uma recuparação econômica global e principalmente no Brasil. A crise só iria iniciar-se nos USA a partir do final de 2006 e início de 2007. Na economia brasileira a crise iniciou-se a partir de outubro de 2008. Por outro lado, a dialética interna da remeergência do proletariado, nesse mesmo período, mostrou que a vanguarda da classe irá emergir mesmo no movimento operário da indústria de ponta; aí que constituir-se-á em núcleo duro do proletariado brasileiro em geral; desta base social específica irá emergir a organização política do operariado, o partido operário.

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